Muito além do Folclore: 125 anos de Câmara Cascudo e 75 anos da Comissão Norte-rio-grandense de Folclore
Gutenberg Costa – Escritor, Jornalista e Presidente da Comissão Norte-riograndense de Folclore “Sapo não pula por boniteza” (Dito popular) O Dia Internacional do Folclore comemora-se em 22 de agosto.

Gutenberg Costa - Escritor, Jornalista e Presidente da Comissão Norte-riograndense de Folclore
“Sapo não pula por boniteza” (Dito popular)
O Dia Internacional do Folclore comemora-se em 22 de agosto. A palavra Folk-Lore, foi criada a partir de um artigo do arqueólogo inglês Willian John Thoms, no ano de 1856, em que reuniu tudo que era ligado às tradições e costumes do povo com esta denominação: Folk-Lore - Folk (Povo) e Lore (Saber). Muitos políticos não sabem, mas os artistas populares comem todos os dias. Eles adoecem e suas panelas de vez em quando ficam vazias. E folclore se vive todo santo dia, queiram ou não!
No Rio Grande do Norte, o folclore tem como maior representação o nome do mestre Luís da Câmara Cascudo (1898 – 1986), que entre outras importantes obras, deixou-nos o conhecimento internacionalmente: Dicionário do Folclore Brasileiro e entre outras centenas de obras, a História da Alimentação, que esse ano completa 50 anos de sua publicação.


Além do mestre Cascudo, outros saudosos nomes potiguares também tiveram destaques, no estudo e divulgação do folclore, como: Veríssimo de Melo, Gumercindo Saraiva, Raimundo Nonato, Hélio Galvão, Oswaldo de Souza, Manoel Rodrigues de Melo, Oswaldo Lamartine, Ving-Un Rosado, Getúlio Araújo, Deífilo Gurgel, Raimundo Soares de Brito, Miryan Gurgel Maia, Lauro da Escóssia e Celso da Silveira, entre outros defensores das nossas tradições potiguares.
Desde que o citado arqueólogo denominou de folclore, tudo o que era relacionado à tradição, foi criada a Ciência da Folclorística. Estudo sério que é respeitado pelos folcloristas ou folclorólogos, como alguns assim chamam esses estudiosos, que teimam em brigar pela cultura do nosso povo.
O estudioso da cultura popular não pode viver fechado em gabinetes, agarrados ao contra cheque e de reuniões no ar-condicionado. Longe dos fazeres e saberes dos mestres e mestras. E folclorista não existe sem sentir, suas alegrias e lamentos em seus casebres e terreiros. Sem visitas aos mercados e feiras.


O folclorista é aquele que pesquisa, coleta, estuda, interpreta, compara, compra livros, revistas e jornais. O mesmo participa de encontros, seminários, simpósios, congressos. É um estudioso atualizado e, principalmente, tem que ler muito, já que o assunto é muito vasto e não se aprende em Universidades.
Gasta-se muito e ganha-se pouco, pois não é uma área de investimentos como outras que as pessoas seguem recomendadas pelo capitalismo globalizante, vigente e exigido. É, antes de tudo, uma área de amor e paixão. Quem entra não sai e quem sai é por que nunca o seria em sua essência.
Não conheço folclorista rico com o fruto de seu trabalho cultural, nem sem uma boa biblioteca em sua casa cheia de bugigangas. Dinheiro não se junta, mas geralmente se morre velho e rodeado de boas amizades, lembranças e geniais ensinamentos.


Não conheço político folclorista, nem muito menos folclorista fanático partidário. Nós folcloristas preferimos uma vida simples, sem apego ao poder temporário e deslumbrante dos dias globalizantes. Não vendemos “a alma ao diabo” e sim rezamos na cartilha do filósofo espanhol ‘Calderon de La Barca’ (1600 – 1681): - “Ao rei tudo, menos a honra”.
Folclorista tem que ser antes de tudo um ser teimoso e independente, se não o mesmo não sai de casa. E dizem que, cobra que não anda, não engole sapo!