Israel 50 anos depois
Alex Medeiros – Jornalista e Escritor @alexmedeiros1959 (Texto publicado na Tribuna do Norte) De novo o terror atacou o povo judeu.

Alex Medeiros - Jornalista e Escritor @alexmedeiros1959 (Texto publicado na Tribuna do Norte)
De novo o terror atacou o povo judeu. De novo aproveitou a data sagrada do Yom Kippur, um dos feriados da religião judaica. Mas, de novo, os terroristas irão perder a batalha e pagarão caro – de novo – pela covardia de transmitir seu ódio e recalques com violência contra civis, usando os mais nojentos requintes de maldade, principalmente em crianças, idosos e mulheres.
Os bandidos do Hamas primeiro massacraram duas centenas de jovens que assistiam um festival de música, depois saíram sequestrando e aprisionando pessoas inocentes, em ações armadas como se enfrentassem militares. Na reprise da data religiosa, como ocorreu há 50 anos, em 1973, a ironia das ironias: muitas famílias estavam recolhidas em casa também por causa do filme sobre a ex-primeira-ministra Golda Meir, a líder da reação naquele 1973.

Hoje, como há meio século, muitas análises falam de falha no sistema de defesa israelense. E algumas lideranças internas temem perdas materiais e baixas humanas, e repetem que será uma guerra demorada, como a outra.
O filme “Golda – A Mulher de uma Nação”, onde a heroína judia é interpretada de forma esplendorosa por Helen Mirren, começa exatamente abordando os primeiros dias dos ataques das forças do Egito e da Síria em outubro de 1973.
Como agora, Israel foi surpreendido pelo avanço das tropas egípcias e sírias; a primeira pela península do Sinai e a segunda pelas colinas de Golã. Muitos anos depois, o governo israelense revelou a situação vexatória daquela época.
Era o penúltimo ano do mandato de Golda Meir, figura célebre por sua sagacidade política e firmeza nas negociações internacionais. O Ministério da Defesa era comandado por Moshe Dayan, que foi o primeiro a mostrar perigo.

Experiente político e militar de grandes ações (já era ministro na Guerra dos 6 Dias de 1967), o homem do tapa-olho não escondeu dos assessores sua aflição, e determinou recrutamento de adolescentes, idosos e até presidiários.
Dayan disse naqueles dias: “O que eu temo em meu coração mais do que qualquer coisa é que o Estado de Israel acabará por ficar sem armas suficientes para se defender... Não haverá tanques suficientes, nem aviões”.
Enquanto os soldados do Egito e Síria invadiam o país, a urgência do ministro era alistar todos os reservistas, os condenados, os jovens e velhos e botar nas frentes de luta, tanto nos tanques quanto nas aeronaves enviadas pelos EUA.
Se desde sábado passado, o número de mortos e feridos já supera as perdas da invasão de 73, há 50 anos as tropas de Israel perderam na primeira semana mais soldados do que na Guerra dos 6 Dias em 1967. Netanyahu sabe disso.

Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de agora, tanto repete o mantra do passado (que vai vencer, apesar de tudo), como tem preocupação tática com a população árabe que não pertence aos grupos terroristas Hamas e Hezbollah.
Em 1973, Moshe Dayan alertava para o desenrolar da batalha e o instante em que o gatilho emocional e étnico dos palestinos disparasse quando o sangue subisse à cabeça e as reações naturais os atirasse contra o povo israelense.
A revolta interna dos palestinos que viviam em Tel Aviv e Jerusalém nunca ocorreu, para o bem deles próprios e do governo judeu. Nos 18 dias de guerra, vencida por Israel, judeus e árabes locais se juntaram no auxílio aos feridos.
Daquele conflito surgiriam dois grandes personagens dos anos 1970/80, o egípcio Anwar Sadat, que infernizou as tropas de Israel no Sinai, e o general Ariel Sharon, o grande comandante e um dos maiores estrategistas de Israel.
A grande diferença do conflito de agora é que o inimigo é um grupo criminoso, terrorista. Os efeitos na economia mundial podem se repetir como a crise do petróleo de 50 anos atrás. E não se enganem: Israel vai ganhar. De novo.