A avaliação da saúde bucal em recém-nascidos é fundamental para identificar precocemente possíveis problemas na cavidade oral. No Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB-UFRN), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), os serviços de odontologia neonatal são voltados à prevenção e ao acompanhamento do desenvolvimento oral adequado dos bebês, garantindo mais saúde e bem-estar desde os primeiros dias de vida.

De acordo com a cirurgiã-dentista do HUAB, Viviane Fernandes, a cavidade oral dos recém-nascidos são examinadas pela equipe de odontologia durante a realização do teste da linguinha, que no HUAB é realizado de forma interdisciplinar entre odontologia, fonoaudiologia e equipe do aleitamento materno, e é durante este exame que outras alterações podem ser detectadas, como fendas labiopalatinas e dentes natais.

A Lei Federal nº 13.002/2014 tornou obrigatório a realização do teste da linguinha, triagem neonatal utilizada para saber se o bebê tem frênulo curto, popularmente conhecido como língua presa e cientificamente conhecido como Anquiloglossia, condição que dificulta a movimentação correta da língua, dificultando assim o aleitamento materno.

“No Huab, desde o início do cumprimento da lei, tivemos o entendimento que não adiantava fazer o diagnóstico da alteração do frênulo lingual, sem oferecer a correção. Então desde 2015 além do teste da linguinha, realizamos a frenotomia, procedimento de intervenção cirúrgica no frênulo lingual dos bebês que são diagnosticados com a ‘linguinha presa’, favorecendo assim melhorias e até mesmo tornando possível o aleitamento materno, fazendo com que os neonatos nascidos no hospital já recebam alta com a correção da alteração e já mamando de forma satisfatória, evitando assim a descontinuidade do aleitamento materno exclusivo”, disse a cirurgiã-dentista do HUAB, Viviane Fernandes.

A higiene oral em bebês

A cirurgiã-dentista do HUAB, Viviane Fernandes, enfatiza a importância da gestante ir ao dentista, “de modo especial ao odontopediatra, para receber todas as orientações sobre os primeiros cuidados orais do bebê”, disse. Viviane explica que os bebês que fazem uso de aleitamento materno exclusivo até os 6 meses não precisam fazer qualquer tipo de higiene oral neste período, pois o contato do leite materno com a cavidade oral do bebê traz benefícios.

“À medida que outros alimentos sejam introduzidos nesta alimentação, essa boquinha deve ser limpa com uma fralda ou gaze embebida em água potável até o nascimento do primeiro dentinho. A partir da erupção desse dentinho que se inicia o uso de escova e pasta de dente infantil com flúor”, explica Viviane Fernandes.  

A profissional ainda diz que a quantidade ideal de pasta dental para bebês deve ser menor que um grão de arroz cru, e a escova não deve ser molhada para evitar formação de espuma, após a escovação a boquinha deve ser limpa com uma fralda ou gaze para remover qualquer pasta que porventura ainda esteja na boca. “Mas reafirmo que a recomendação mais assertiva é que procure um odontopediatra para melhor orientação em relação a saúde oral do seu bebê”, ressalta.  

Já a higienização da cavidade oral dos recém-nascidos na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que estão em ventilação mecânica, precisa ser constante para evitar pneumonia associada a ventilação e, consequentemente, agravamento do caso.

Diagnósticos a partir da odontologia neonatal

A partir da avaliação da odontologia é possível ser realizados vários diagnósticos relacionados à saúde oral de bebês, como a anquiloglossia, popularmente conhecida como língua presa; a presença de dentes natais, quando o recém-nascido  apresenta dente na cavidade oral ao nascer, “dependendo da mobilidade desse dentinho, esse deve ser removido para evitar que a criança engula ou mesmo aspire esse dentinho trazendo problemas graves e, mesmo, quando sem mobilidade, se a presença dele machucar a mãe durante a amamentação ou a língua do bebê, pode ser necessário que o dentista  tenha que fazer um leve desgaste desse dente”, explica Viviane Fernandes.

Outros diagnósticos são as fendas intraorais e algumas outras características sindrômicas, como microglossia (língua maior que o padrão), palato em ogiva (céu da boca mais profundo), queixo mais retraído que o padrão, diagnósticos que alertam a necessidade de investigação.