Hospital do RN usa embalagem de bolo como máscara de oxigênio em bebê

junho 12, 2024

Estado grave e sem recursos – Uma médica usou uma embalagem de bolo como máscara de oxigênio em um bebê de 3 meses que chegou em estado grave com suspeita de bronquiolite.

Estado grave e sem recursos - Uma médica usou uma embalagem de bolo como máscara de oxigênio em um bebê de 3 meses que chegou em estado grave com suspeita de bronquiolite. Segundo o hospital, que fica no Rio Grande do Norte, o bebê foi medicado e a equipe solicitou vaga de internamento em alguma unidade com UTI pediátrica. Porém, foi preciso usar o equipamento improvisado enquanto a transferência não ocorreu.

O município informou que o hospital não é referência em urgência materno infantil e que a médica plantonista usou a embalagem de bolo para montar um leito semi intensivo e atender a necessidade criança enquanto aguardava regulação para leito de UTI.

No fim da manhã desta terça-feira, o município informou que a criança estava em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em transferência para o hospital Varela Santiago, em Natal.

"Assumo a responsabilidade que é cuidar do outro", diz médica que improvisou respirador com embalagem de bolo em bebê

Atuando na medicina há quase 9 anos, principalmente em hospitais públicos e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Rio Grande do Norte, a médica Ellenn Salviano diz que tomou a atitude de usar uma embalagem de bolo como um capacete de oxigênio para salvar a vida de um bebê de três meses em Santa Cruz, no Agreste potiguar.

“Ali estou nos meus braços com o amor de alguém. Quando saio de casa e deixo meus três filhos, assumo a responsabilidade que é cuidar do outro. Então eu não podia olhar para aquela mãe e dizer não podemos”, disse a profissional ao g1.

“É muito fácil chegar e dizer: mãezinha, o desfecho foi ruim. Me desculpe, porque não somos um hospital materno-infantil, porque não temos recursos para o seu filho e o SUS não tem vaga”, complementa.

O paciente deu entrada no hospital municipal de Santa Cruz no sábado (8). Na manhã da segunda-feira (10) a médica entrou no plantão da unidade e percebeu que a criança estava em um estado muito grave.

De acordo com Ellenn, o bebê já estava com cianose, uma condição médica que afeta o paciente com má oxigenação do sangue, e apresentava manchas roxas na pele.

“Se ele passasse mais tempo assim, o risco era de uma parada cardíaca. O próximo passo seria intubar, o que seria muito difícil para o paciente. Iria reduzir a chance de sobrevida dele”, revelou.

Ainda de acordo com a médica, ela e sua equipe já tinham improvisado diversos outros capacetes como o usado com o bebê, principalmente no Samu. Em uma semana, a máscara do bebê em Santa Cruz foi a terceira que ela fez.

A criança passou cerca de quatro horas com o equipamento, até a chegada de materiais emprestados pelo Hospital Universitário Ana Bezerra, em Santa Cruz. De acordo com a médica, o tempo foi suficiente para ajudar na recuperação da criança, que retomou a oxigenação a níveis “quase normais”.

Embora a médica lembre que o hospital no qual trabalha há quase 9 anos não seja voltado para o público infantil, ela pede mais investimentos do poder público no Serviço Único de Saúde (SUS), do qual é defensora.

“Deu certo, que bom, mas poderia ter dado errado. E se tivesse dado errado, seria agora uma mãe chorando a morte do seu filho. Por um equipamento tão simples que a gente não tem”, afirma a médica. De acordo com ela, um “hood” de acrílico custa cerca de R$ 500.

O caso

O bebê de 3 meses deu entrada no Hospital Municipal de Santa Cruz no último sábado (8), com quadro de desconforto respiratório grave, congestão nasal, febre, rinorreia, vômitos e diarreia. Na segunda-feira (10), quando assumiu o plantão, a médica Ellenn Salviano improvisou um respirador com uma embalagem de bolo para o bebê conseguir aguardar a transferência para um leito de UTI.

O município informou que o hospital não é referência em urgência materno infantil e que a médica plantonista usou a embalagem de bolo para montar um leito semi intensivo e atender a necessidade criança enquanto aguardava regulação para leito de UTI.

A mãe do bebê disse que ele chegou ao hospital em Santa Cruz (RN) “muito debilitado”. Segundo a mãe, Kadja Juliane, o bebê possui um quadro delicado de saúde. Ele tem hidrocefalia, usa uma bolsa de colostomia e também tem síndrome de Dandy-Walker, uma malformação no cérebro que pode causar problemas no desenvolvimento motor e aumento progressivo da cabeça.

O bebê foi transferido na manhã de terça-feira (11) para Natal, onde passou a receber tratamento no Hospital Infantil Varela Santiago.

Improviso

Segundo o médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atuou na transferência de Santa Cruz para Natal, o improviso feito com a embalagem de bolo melhorou as condições do bebê.

“São alguns improvisos que a gente precisa fazer. Realmente ajudou bastante o rapazinho a voltar a respirar bem, a ter uma boa penetração de oxigênio no pulmão. Foi fundamental para ajudar na recuperação dele”, disse o médico Francisco Júnior.

Fonte: g1-RN

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