Habilidades profissionais
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Quando somos criança e ainda não temos noção suficiente das habilidades necessárias para o exercício que cada profissão requer, desejamos seguir uma infinidade de carreiras, até descobrirmos aquela que melhor se adequa às nossas aptidões.
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Quando somos criança e ainda não temos noção suficiente das habilidades necessárias para o exercício que cada profissão requer, desejamos seguir uma infinidade de carreiras, até descobrirmos aquela que melhor se adequa às nossas aptidões. Eu, por exemplo, imaginei seguir uma série de atividades, para depois descobrir que não seria uma boa profissional naquela área com a qual sonhava. A cada semana eu pensava que teria a habilidade necessária para seguir determinada carreira, para pouco tempo depois perceber que a profissão escolhida nada tinha a ver comigo.
Desse modo, eu desejei ser médica, até perceber que jamais teria coragem necessária para abrir a barriga de uma pessoa a fim de realizar uma cirurgia delicada. Também imaginei que, no caso de o paciente morrer enquanto eu realizasse aquele trabalho, eu não teria forças para superar aquela tragédia. A carreira de médica, portanto, foi descartada rapidamente.
Imaginei que poderia ser uma engenheira civil, uma vez que acalentava o sonho de aprender a desenhar e assim eu mesma imaginava fazer o projeto da casa dos meus sonhos. Enquanto não aprendi a fazer a planta da casa conforme meu desejo, eu escrevia os detalhes que o imóvel deveria ter. Assim, eu descrevia como seria o jardim, a disposição das plantas, a cor com a qual pintaria cada ambiente, como seria o lugar escolhido para meus livros, enfim, dizia com as letras, aquilo que não conseguia desenhar.
Além disso, descobri que para ser uma boa profissional na área da engenharia civil, eu precisaria me dedicar profundamente ao estudo da Matemática – disciplina na qual jamais fui suficientemente aplicada. Logo, engenharia civil não seria ideal para as minhas expectativas profissionais.
Também pensei que poderia me tornar uma advogada e participar daquelas audiências fenomenais que os filmes costumam mostrar. Porém, me dei conta de que jamais seria uma advogada bem-sucedida, porque não poderia aceitar casos defendendo pessoas culpadas por estupros, pedofilia, feminicídios e outros casos afins.
Tornar-me uma atriz passou pela minha cabeça em um determinado momento e eu cheguei a participar de algumas peças teatrais na escola. Sonhei em seguir a carreira e desfrutar uma vida de fama e de todo o glamour que eu imaginava existir neste tipo de atividade.
Acalentei este sonho até o momento em que me dei conta de que, para ser atriz eu precisaria ‘vestir’ a personalidade de outra pessoa. Fingir ser algo ou alguém que eu não sou. Como atriz, eu teria necessariamente que enganar, mentir para o público algo que jamais daria certo para mim, por ser transparente demais. Como num passe de mágica, todo o sonho da fama e do glamour desvaneceu-se dentro de mim.
Comecei a ficar preocupada, ao perceber que nenhuma das profissões se adequavam à minha personalidade. Foi então que meu pai veio em meu auxílio falando de uma infinidade de outras carreiras que eu poderia seguir, como o jornalismo, por exemplo, já que eu demonstrava facilidade para escrever e falar. Precisava apenas dominar a timidez.
Um jornalista, segundo as palavras do meu pai, precisa escrever bem e se expressar bem ao falar. “Ao sair para fazer uma reportagem, o jornalista jamais ouviu falar a respeito do assunto sobre o qual vai escrever. Mas, depois de pesquisar e entrevistar as pessoas conhecedoras do tema, ele deve passar para o leitor a ideia de que é um perito naquele assunto”. Ele ainda sugeriu que eu jamais deixasse de estudar a Língua Portuguesa, porque ela seria muito importante no desempenho do meu trabalho como profissional do jornalismo.
Eu levei muito a sério as recomendações do meu pai, fiz o curso de Comunicação de Social com Habilitação em Jornalismo, ganhei vários prêmios durante minha atuação como profissional da área e tenho certeza de ele sentiu muito orgulho ao me ajudar a descobrir minhas habilidades profissionais para esta atividade.