Globalização, nada! É americanalhação!
João Ricardo Correia – É jornalista Globalização, nada! É americanalhação! Que danado é isso, que “eles”, os gringos, nunca nos “copiam”?! De forma geral, brasileiro adora valorizar o que vem de fora.
João Ricardo Correia - É jornalista
Globalização, nada! É americanalhação! Que danado é isso, que “eles”, os gringos, nunca nos “copiam”?! De forma geral, brasileiro adora valorizar o que vem de fora. Enaltece símbolos estrangeiros em detrimento dos nossos. Patriotismo zero! Se brincar, muitos nem sabem o que significam as estrelas da bandeira nacional, se é que perceberam que elas existem por lá.
E nesses tempos de redes sociais, o cenário ficou pior. Piora a cada dia! De uma hora pra outra, treinador é chamado “coach”. Diretor executivo (ou cargo semelhante) é “CEO”! E o termo mais medonho é o miserável do “influencer”, espécie que reproduz igual a coelho e dá igual a chuchu, em qualquer canto.
Hoje tem “influencer” e “coach” (que gosto quando pronunciado pelos sapos) para tudo. E falam, escrevem, fazem caras, bocas, bundas, correm, pulam, aparecem tomando cerveja em garrafa verde, gritam “tá pago” nas academias de musculação e chegam ao ápice da bestialidade, quando apresentam seus copos com marca estrangeira, que prometem deixar as bebidas geladas por horas. Ah, a superficialidade! É a turma das prateleiras. O que pode ser comprado, para esse tipo de “gente”, é o que importa. Agem como autores e autoras daqueles livros de autoajuda que só ajudam, mesmo, a quem escreve e as editoras.
E enquanto essas influências ganham destaque, a educação básica continua em segundo, terceiro, sei lá em qual plano. As ações governamentais, independentemente de quem sejam os gestores e a quais partidos políticos pertençam, são pontuais, raquíticas, tímidas, o que permite a perpetuação de ignorantes e compromete a formação de cidadãos e cidadãs que, por meio da liberdade de expressão e do conhecimento, talvez, daqui a muitos anos, conseguissem levar o Brasil ao progresso.
Que falta faz o paraibano Ariano Suassuna, que nunca se curvou ao americanalhismo e falava disso o tempo todo, calando os babaquinhas embevecidos em seus castelos erguidos sobre alicerces formados por hipocrisia, ausência intelectual e, muitos casos, desonestidade.