Eu estive na cela do DEOPS/SP
José Alves de Souza(‘Dedé do Alerta’) – Jornalista e Bacharel em História Em meados deste ano, resolvemos fazer uma viagem turística.
José Alves de Souza('Dedé do Alerta') - Jornalista e Bacharel em História
Em meados deste ano, resolvemos fazer uma viagem turística. Fomos a São Paulo, Campos de Jordão e, na volta, visitamos o Santuário de Aparecida, para minha esposa pagar uma promessa.
Em São Paulo, visitamos entre outros, o Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga. É o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Projetado pelo arquiteto Tommaso Gaudenzio Bezzi, foi inaugurado oficialmente em 1895 e sua arquitetura faz alusão aos palácios renascentistas da Itália.
Museu da Língua Portuguesa, situado em uma antiga estação de trem, a Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado oficialmente em 2006. Este edifício, é percorrido por milhões pessoas consolidando-o como um dos museus mais visitados do Brasil e da América do Sul. Esta instituição museológica, abriga várias áreas cujo objetivo é a valorização e difusão de nosso idioma, assim como mostrar a grande diversidade da língua portuguesa.
Memorial da Resistência de São Paulo. Resistência, controle e repressão política são os ingredientes que marcam a visita desse Memorial.. Inaugurado em 2009, trata-se de um espaço criado para refletir sobre os erros do passado e mostrar a importância dos direitos humanos.
Vamos falar sobre o Memorial da Resistência de São Paulo. O edifício que hoje abriga o Memorial da Resistência sediou, por mais de quatro décadas, o Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo – Deops/SP. A exposição de longa duração apresenta ao público, no andar térreo, onde se localizam as memórias da ditadura e seu espaço carcerário, composto por quatro celas, o corredor principal e o corredor do banho de sol.
Os locais testemunharam atrocidades e desencanto, mas também acolheram atitudes de coragem, fraternidade e resistência, e hoje servem como inspiração para a valorização dos princípios democráticos e o respeito à diferença.
Entrei em uma dessas celas, senti uma emoção ao vê os escritos, para a posteridades, dos que ali foram jogados, para depois serem interrogados sob torturas, que sabiam que jamais voltariam a rever seus entes queridos. Nas celas, de mais ou menos 10 metros quadrados, haviam um velho colchão, no chão e uma janela, com ferragens, para impedir uma fuga.
Recentemente assisti o filme "Ainda Estou Aqui", filme dirigido por Walter Salles, Rubens Paiva, deputado federal que foi preso e morto durante a ditadura militar, em 1971, no Rio de Janeiro. A produção, protagonizada por Selton Mello e Fernanda Torres, foi escolhida para representar o Brasil, no Oscar do próximo ano.
A sinopse. "Ainda Estou Aqui é uma adaptação cinematográfica do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, que narra a emocionante trajetória de sua mãe, Eunice Paiva, durante a ditadura militar no Brasil. Ambientada em 1970, no Rio de Janeiro, a história retrata como a vida de uma mulher comum, casada com Rubens Paiva, deputado federal, mudou drasticamente após o desaparecimento de seu marido, por militares à paisana e desaparece.
O filme explora não apenas o drama pessoal de Eunice, mas também o impacto do regime militar na vida de milhares de famílias brasileiras, destacando o papel das mulheres na resistência. Com uma narrativa profunda e sensível, Ainda Estou Aqui traz à tona questões de perda, coragem e resiliência, enquanto revisita um dos períodos mais sombrios da história do Brasil.
Forçada a abandonar sua rotina de dona de casa, Eunice (Fernanda Torres) se transforma em uma ativista dos direitos humanos, lutando pela verdade sobre o paradeiro de seu marido ( O corpo jamais foi encontrado), e enfrentando as consequências brutais da repressão. Eunice e a filha Eliana, de apenas 15 anos, foram levadas encapuzadas para as dependências do Exército.
Na cena do filme, onde Eunice se encontrava presa numa pequena cela, me leva de volta a lembrança da visita às pequenas celas do Memorial da Resistência de São Paulo, onde funcionou o Deops/SP.
No Memorial há um a sala, com áudio visual com uma linha do tempo virtual interativa que traz a cronologia de atos de repressão e movimentos de resistência históricos no Brasil, desde a Proclamação da República (1889) até hoje. O visitante pode acessar todos os Inquéritos Policiais de qualquer militante da repressão militar.
Pesquisei pelo nome do mipibuense José Silton Pinheiro, do curso de Pedagogia, estudante morto durante o período da Ditadura Militar.
Eis a cópia do Inquérito:
Diplomação simbólica pela UFRN
Recentemente, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realizou a cerimônia de diplomação simbólica póstuma a Emanuel Bezerra dos Santos, do curso de Ciências Sociais, e a José Silton Pinheiro, do curso de Pedagogia, estudantes mortos durante o período da Ditadura Militar.
O reitor José Daniel Diniz Melo lembrou que a Comissão da Verdade na UFRN foi um ato da administração universitária, na gestão da reitora Ângela Paiva, que resultou no Relatório Final da Comissão da Verdade na UFRN, cujo trabalho foi fruto de pesquisa do grupo liderado pelo Professor Emérito da instituição, Carlos Roberto de Miranda Gomes. Nesse sentido, dando encaminhamento às recomendações do documento, a instituição realiza a mipibuense José Silton Pinheiro de Emanuel Bezerra dos Santos e de José Silton Pinheiro.
“Registrar esses acontecimentos do passado é uma maneira de lembrar aos jovens que a democracia é a única forma de governo compatível com a paz e com valores fundamentais, como liberdade e respeito aos direitos humanos”, afirmou o reitor sobre a relevância da realização da diplomação simbólica de Emanuel Bezerra dos Santos e de José Silton Pinheiro".
Impressionante! Parabéns pelo relato. Que possamos manter a lembrança desse período nefasto para que coisa similar nunca possa ocorrer!