“Esquecendo” livros em lugares públicos
Franklin Jorge – Jornalista e Escritor Anos atrás oficializei em uma publicação na Blogosfera o hábito que cultivei durante duas as três décadas de “esquecer” livros em ônibus.
Franklin Jorge - Jornalista e Escritor
Anos atrás oficializei em uma publicação na Blogosfera o hábito que cultivei durante duas as três décadas de "esquecer" livros em ônibus. praças.e banheiros de shopping. Ou presenteando algumas das pessoas que me visitavam e gostavam de ler, mas aparentemente me pareciam não dispor de recursos para compra-los.
Certa ocasião, ao tempo em que morava na Rua Beberibe 500, na Redinha, então conhecida e discriminada favela da África, uma noite Ilma Santiago, Gleider Costa e mais dois ou três amigos delas fomos a um bar em Areia Preta e elas perceberam que em uma mesa próxima, onde bebiam quatro ou cinco rapazes, um deles me olhava insistentemente e eles atléticos. Um deles me observava insistentemente.
E elas, temorosas de que pudesse ser o filho ou neto de algum desafeto meu, alertaram-me para o fato e concluíram que devíamos ir a algum outro lugar. Como entre minhas múltiplas fraquezas não prospera a covardia, cumprimentei-o à distância, curvando brevemente a cabeça.
O desconhecido sorriu, levantou-se e veio em minha direção, pedindo desculpas por ter-me importunado, olhando-me com tal insistência. E explicou: que tivera a impressão de ser eu o escritor e jornalista Franklin Jorge que ele e seu pai liam em livros e jornais e o admiravam.
Levantei-me e lhe estendi a mão, apresentando-me. E ele: "-Não tenho palavras expressar minha alegria em apertar sua mão. Desejava muito conhecer o homem que presenteia com um livro as pessoas que o visitam".
Retruquei: "- Feliz fiquei eu, de ouvi-lo".
Acima, foto que registra a última vez em vez em que "esqueci" livros em lugares públicos.