De volta a 1971
Alex Medeiros – Jornalista e Escrito (@alexmedeiros1959) – Texto publicado na Tribuna do Norte Vai ter final brasileira e alvinegra na Taça Libertadores.
Alex Medeiros - Jornalista e Escrito (@alexmedeiros1959) - Texto publicado na Tribuna do Norte
Vai ter final brasileira e alvinegra na Taça Libertadores. Botafogo e Atlético Mineiro decidem um importante título pela segunda vez, cinquenta e três anos depois da final do Campeonato Nacional de 1971, considerado por muitos o início do formato do Brasileirão, apesar de um certame de âmbito federativo já existir desde 1959 quando o Bahia se tornou o primeiro campeão do Brasil.
Os dois alvinegros, carioca e mineiro, decidiram o campeonato de 71, com vitória de 1 x 0 para o Galo, com um gol de Dario (Dadá Maravilha) aos 16 minutos do segundo tempo. O jogo aconteceu em 19 de dezembro, um domingo, no Maracanã. Mas muita gente esqueceu de a decisão seguiu a velha regra de um triangular com os três melhores times da temporada.
Grande parte dos botafoguenses, inclusive os da minha geração, guarda um sentimento de que o Glorioso era franco favorito ao título, o que não foi bem assim, pois havia sido goleado por 4 x 1 pelo São Paulo quatro dias antes.
O triangular começou em 12 de dezembro com o Atlético vencendo o São Paulo no Mineirão por 1 x 0 num gol de falta de Oldair em que a bola passou na brecha aberta por um jogador que se abaixou, o melhor do tricolor, Gérson.
O time paulista atropelou o Fogão no Morumbi, em 15 de dezembro, uma quarta-feira. Aos 16 minutos, Gérson usou sua canhota dourada para lançar na pequena área. O goleiro Ubirajara deu um soco e sobrou pra Forlan torpedear.
Nei Oliveira empataria aos 8 do segundo tempo. O ponta Terto faria dois gols, aos 20 do primeiro tempo e 41 do segundo. Um deles foi numa pintura de Toninho (Queixada), que numa trivela achou Terto entre dois botafoguenses.
O próprio Toninho marcaria aos 26 do segundo tempo. A goleada poderia ter dado ao São Paulo a chance de título, mas a vitória do Atlético contra o Botafogo no dia 19 impôs o critério do confronto direto na derrota do dia 12.
O Campeonato Nacional de Clubes de 1971 começou em 7 de agosto com dois jogos, São Paulo 0 x 3 Grêmio e Santa Cruz 1 x 4 Corinthians. No jogo do Morumbi, o argentino Scotta marcou aos 10 minutos inaugurando o torneio.
Na rodada do dia seguinte, houve oito partidas e com o Botafogo e o Atlético empatando seus jogos respectivamente contra dois Américas, o carioca e o mineiro. Um morno 0 x 0 no Maracanã e um minguado 1 x 1 no Mineirão.
O ano de 1971 começou bem para o Botafogo, ao menos na esperança da torcida e nas análises da crônica esportiva. A revista Placar publicou que o Glorioso tinha o melhor ataque, a melhor defesa e era favoritaço no Carioca.
O time desfilou categoria no torneio doméstico, mas caiu na final para o Fluminense. Jogando pelo empate, o Fogão apagou aos 43 minutos do segundo tempo nas malandragem e malícia do lateral esquerdo Marco Antônio.
O ponta direita tricolor Oliveira cruzou na área e quando o goleiro Ubirajara subiu, o jovem reserva de Everaldo, na Copa 1970, subiu junto e o deslocou no ar, fazendo a bola sobrar para Lula (ex-Ferroviário de Natal), que só tocou.
Minutos antes, Paulo Cezar Caju havia batido uma falta para uma defesa monumental do goleiro Félix, o tricampeão da Canarinho. O meia alvinegro foi artilheiro do ano, o que fez o rei Pelé dizer que sua camisa 10 já tinha dono.
No próximo dia 30 de novembro, as lembranças de 1971 estarão no ar de Buenos Aires sobre o estádio Monumental de Nuñez. Botafogo e Atlético frente a frente 53 anos depois. Um menino de 12 anos está fazendo figa e salivando vingança, de ouvido colado no rádio do pai, numa ruazinha das Quintas.