Contando nossa História (6);Deu forró de Mipibu no The New York Times

Na edição nº 345, do mês de maio de 2006, O Alerta divulgou a matéria sob o título: “Deu forró de Mipibu no The New York Times”.

Na edição nº 345, do mês de maio de 2006, O Alerta divulgou a matéria sob o título: "Deu forró de Mipibu no The New York Times". Vejamos a matéria que foi transcrita no mais famoso jornal americano - o The New York Times -, sobre o Forró da Lua Cheia, do amigo Marcos Lopes, próximo a lagoa do Bonfimk, que ficou famoso, por só tocar forró pé-de-serra (nada eletrônico.

"A inspiração da lua cheia levou o forró natalense para as páginas da revista americana The New York Times. Na edição do dia 7 de maio de 2006, o periódico publicou uma extensa reportagem titulada de “Forró no Brasil. Sob a lua cheia, dançando no ritmo do zabumba” sobre o forró nordestino e apontou o evento “Forró da Lua Cheia”, organizado pelo engenheiro agrícola, Marcos Fernandes Lopes, nas proximidades da cidade de São José de Mipibu/RN, como um dos points da dança na região.

O sanfoneiro mipibuense Zé Moré e o saudoso Dominguinhos


Além da localidade potiguar, o repórter Seth Kugel cita cidades pólos do forró como Caruaru e Campina Grande. As impressões do jornalista sobre a festa, que ocorre todo fim de semana de lua cheia num sítio próximo a São José de Mipibu, são de quem acabou de conhecer a dança. No texto, até a pronúncia correta do ritmo é ensinada aos leitores da revista. “Faw HAW”, escreve num dos trechos.  Ele começa a reportagem com o impacto da primeira observação da cena. “Numa ruazinha de pedra numa cidadezinha sem importância do Nordeste do Brasil, num rancho sob a luz da lua nas redondezas de São José de Mipibu, três homens em roupas de cowboy azul e prateado brilhantes faziam música com um acordeón, um triângulo e uma zabumba”,  conta.


Ele segue falando sobre os detalhes nos costumes das pessoas que frequentam o local. Interessante como a cultura americana consumida pelos brasileiros chamava a atenção dele. “Muitos jovens de jeans, a maioria das redondezas de Natal, bebiam cerveja, seguravam as mãos e  se amassavam num terraço inspirado num curral”, descreve. As apresentações das bandas  “Os três do Nordeste” e Waldonys foi caracterizada como música country brasileira originada no sertão nordestino que, segundo ele,  era um local seco,  cheio de galhos secos e onde o gado tinha o lombo magro.

Os 3 do Nordeste
Waldonys


A referência de Luiz Gonzaga também aparece com destaque na revista. “A música forró se espelhou no final dos anos 40 em Luiz Gonzaga, o cantor, compositor e mestre no acordeon que mudou-se para o Rio e fez da música Asa Branca um hit internacional”. Ainda de acordo com a reportagem, o forró entra e sai de moda. E depois de seu retorno nos anos 90, se tornou uma espécie de “square dancing” rebolado aceito no grande meio”, compara.

Depois de dar algumas dicas para os leitores que quiserem “provar” do ritmo, como indicando o Nordeste e ensinando a pronúncia do nome da dança, ele conta a experiência “travada” que teve no “Forró da Lua”. “Consegui dar os passos, mas os meus quadris não estavam sentindo o zabumba. Eu já fui chamado de coisa pior”, conclui

DESTINO DO SOL

E não é que o Forró da Lua, produzido por Marcos Lopes, às margens da Lagoa do Bonfim virou notícia no jornal New York Times.

Veja o texto, do jornalista Seth Kugel, traduzido pelo jornalista Ailton Medeiros e Ana Luíza Moreira Braga. Que começa assim:

 "Mais ou menos a uma milha abaixo, numa rua de pedra do posto de gasolina Vitória, num rancho enluarado além de São José de Mipibu, uma cidade de negligenciada importância no Nordeste do Brasil, três homens em brilhantes trajes de cowboy azul e prata, fazem música com um acordeon, um triângulo e uma zabumba. Eles estavam extremamente sozinhos.

Centenas de jovens de blue jeans, a maioria da próxima cidade de Natal, bebia cerveja, ria e conversava num lugar inspirado em um curral. Centenas de casais apinhavam-se na pista de dança sob um teto de sapê, coxas travadas para a performance de uma dança sensual que deve ter emergido somente da cultura cowboy brasileira. O grupo, "Os Três do Nordeste", tocava forró, música country brasileira nascida no sertão nordestino - seco, com cactus, e pecuária - e difundido amplamente em 1940 por Luiz Gonzaga, o cantor, compositor, e mestre de acordeon que se mudou para o Rio de janeiro e fez da música Asa Branca um hit internacional.

Desde então, entrou e saiu de moda, mas depois de um revival nos anos 90 se estabeleceu num meio de aceitação "hip-to-be-square-dancing " (Na verdade, o Brasil celebra o seu dia nacional do forró em 13 de dezembro.) Samba e bossa nova são a cara internacional da música brasileira, e o funk das favelas do Rio", mas os clubes da moda não resistem a um forró no final da noite.

Depois de falar sobre o Nordeste e das figuras que encontrou em Pernambuco,ele recebeu a recomendação de ir a São José de Mipibu, para o Forró de Lua, que funciona uma vez ao mês, no sábado mais perto da lua cheia, que seria no dia seguinte.

Na manhã seguinte, eu comecei o que eu supunha que seria uma viagem de quatro horas. Com tempo suficiente para gastar (Forró de Lua dura das cinco da tarde até meia noite), eu dei uma volta não relacionada a forró em Olinda, a cidade colonial ao norte de Recife que é Patrimônio histórico mundial da Unesco.

Mas nessa parte, isso mudou, forró não é tão fácil de se escapar. No bem servido restaurante Oficina do Sabor, o especial do dia era camarões no forró descrito como "camarão com manga e molho de maracujá perfumado com leite de coco." O que aquilo tinha a ver com forró não era claro. Mas o mistério foi desvendado quando o prato chegou, pares de camarão juntos em volta do prato, uma perfeita cópia crustácea das coxas interlaçadas na pista de dança.

De lá estava na estrada em direção a Natal, a cidade depois de São José de Mipibu, e Forró da Lua. O festival começou em 2002 por Marcos Fernandes Lopes, um rico engenheiro agrônomo, agora com 47 anos, que decidiu construir um lugar de forró no seu rancho.

Marcos Fernandes Lopes

Sr. Lopes está também planejando um museu cowboy lá para completar os eventos de forró. Você pode dizer que o evento foi um sucesso só pelo estacionamento lotado, pela fogueira maciça perto da entrada. Sr. Lopes mais tarde me disse que o evento regularmente atrai 2 mil pessoas por mês sem propaganda formal.

Museu do Vaqueiro, em São José de Mipibu

Em um canto, algumas pessoas assistem a um documentário sobre Luiz Gonzaga; outros sentam em bancos de concreto, mesas de tijolo, bebendo cerveja e soda. Do lado externo das paredes, em volta, casais se beijam sob lampiões a gás. A noite segue, a fila da cerveja diminui e a fila do churrasco cresce. Mas a pista de dança, continua animada por uma banda de forró bem conhecida, Os Três do Nordeste e Waldonys, a atração principal.

Os melhores dançarinos estão colados pelas coxas, movendo-se em tanta sintonia que parecem marionetes controlados por cordas. Um pequeno grupo fica em volta do jovem casal, de nome Giunelly e Luciana, que parece como se treinassem juntos a anos.

Eu dei alguns passos com Claudia, mais uma mulher brasileira louca o bastante para dançar com um visitante americano. Dançamos algumas músicas, e então ela me deu minha nota. Eu dei os passos, ela disse, mas meus quadris não estavam sentindo a zabumba. Eu já fui chamado de coisa pior.

10/05/2006 - Tribuna do Norte

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