Jornalismo com ética e coragem para mostrar a verdade.

agosto 4, 2021

Conselheiro do Tik Tok sugere apoio à família e medidas de segurança contra ataques de ódio na plataforma

Não se fala em outra coisa, desde ontem.

Não se fala em outra coisa, desde ontem.

Tragédia  envolvendo cantora, seu filho adolescente vítima de ataques em redes sociais e comoção da sociedade; o que podemos fazer para evitar novos desfechos como o do jovem Lucas?

Tudo começou porque há alguns dias Lucas compartilhou um vídeo no TikTok em que aparece como se fosse dar um beijo em um outro menino, que é seu primo. O conteúdo teve uma repercussão maior do que ele imaginou e com isso vieram os inúmeros comentários de ódio.

O próprio jovem havia feito um outro vídeo para tentar explicar e contextualizar o primeiro.

“Provavelmente vai chegar na minha tia e vou tomar um ‘bufete’, e não quero tomar esse ‘bufete’. Avisando também que nós dois somos amigos e heterossexuais. Começamos a gravar uns vídeos juntos e tirando onda. Quando cheguei em casa fiz esse vídeo tirando onda, mandei para ele tirando onda, enviamos para os amigos tirando onda”, explicou.

Como tudo era uma brincadeira, ele não avaliou os possíveis danos.

“Pensei: ‘Porque não posto no Tiktok, ganho 500 visualizações e tiramos onda um com o outro?’. Só que acabou que 500 visualizações pularam para 1000, para 10.000… O que veio na minha cabeça foi: isso é muito bom, mas vou tomar uma chinelada, uma surra tão merecida… Mas é isso, somos apenas amigos, foi só uma brincadeira. Sempre deixei claro que éramos amigos e não sabia que ia dar essa repercussão toda”, disse.

Suas contas nas redes sociais foram bloqueadas pela família e os conteúdos deletados. No Tiktok, rede onde o vídeo foi originalmente publicado, ele tinha mais de 19 mil seguidores.

O QUE FAZER PARA EVITAR NOVAS TRAGÉDIAS COMO A DE LUCAS 

Hoje, o advogado e professor da Fundação Getulio Vargas e colunista da Folha de São Paulo, Thiago Amparo, abordou o tema como conselheiro do Tok Tok e antecipou algumas medidas que deverão ser tomadas pela plataforma.

Não tenho palavras p/ expressar a dor diante do suicídio de Lucas Santos, filho de 16 anos da cantora Walkyria, em Natal ontem (03), alvo de comentários homofóbicos por usuários do TikTok. Faço parte do Conselho de Segurança do TikTok e perguntei formalmente à empresa o que farão.

Eu sugeri ao @TikTokBrasil, como membro do Conselho de Segurança, que expressassem condolência com a família, oferecendo apoio, que detalhassem as medidas que têm adotado contra discurso de ódio na plataforma, e que se colocassem formalmente contra LGBTphobia no app.

É importante sempre divulgar o canal do Centro de Valorização da Vida: ligue 188 se precisar. O CVV atua com apoio emocional e prevenção do suicídio.

Fora e dentro da internet, vamos cuidar dos nossos adolescentes, e sua saúde mental

Medidas devem ser múltiplas, 1) de um lado, LGBTfobia é crime e esses canais de denúncia dentro e fora da plataforma devem estar claros; 2) de outro, deve haver apoio – inclusive emocional e financeiro; 3) usuários LGBTfóbicos não podem ter seu conteúdo mantido na plataforma.

Além de evitar que conteúdo de ódio permaneça nas redes, as famílias precisam ficar atentas a qualquer sinal de depressão ou mudança de comportamento de seus filhos.

Fora das redes, existe um mundo que também está doente e reflete o que é ampliado à distância pelas telas. Acolhimento e amor nunca foram tão indicados e necessários.

Do Território Livre

Os comentários estão desativados.