CINE COMETA
José Olavo Ribeiro (aposentado do Banco do Brasil) – Bacharel em Administração/MBA USP e autor do livro “Portas Vermelhas” (contos) Nos idos de 1970 fui morar na agradável cidade de São José de Mipibu, onde residi até meados de 1977.
José Olavo Ribeiro (aposentado do Banco do Brasil) - Bacharel em Administração/MBA USP e autor do livro “Portas Vermelhas” (contos)
Nos idos de 1970 fui morar na agradável cidade de São José de Mipibu, onde residi até meados de 1977. Adolescente, eu e amigos nos divertíamos de segunda a sexta-feira, nas peladas, onde houvesse um terreno propício para correr atrás da bola. Os fins de semana eram mais concorridos: banhos na lagoa do Bonfim, jogos dos times locais nos campos do Arsenal e do Olho D’água e, à noite, cinema.
Naquela época, início da década, existia o cinema de seu Décio, localizado vizinho a um sobrado de esquina, nos fundos da praça do “coreto”. Lembro-me que nas noites das películas girarem nos grandes carretéis para projeção na telona, um potente alto-falante preso na parede do prédio tocava músicas durante a tarde, dando a “deixa” de que era dia de filme
Poucos anos depois um empresário da cidade de Macaíba adquiriu as instalações e inaugurou o CINE COMETA, utilizando equipamentos modernos e de maior capacidade, o que significou uma melhoria significativa das projeções.
As noites de sábado e domingo, nos reservavam um encontro com grandes estrelas de Hollywood. Musas deslumbrantes como Raquel Welch, Vanessa Redgrave, a italiana Sophia Loren, dentre outras, nos transportavam para um universo que influenciou jovens de várias gerações. Sentados no grande salão antes da sessão, éramos brindados com a exibição do “canal 100”, que mostrava os melhores momentos dos jogos do campeonato carioca, com desfile de craques como Gérson, Rivelino, Paulo César Caju.
No final, tínhamos ainda os “seriados”, a exemplo de “Flash Gordon”, que exibidos em capítulos, nos deixavam ansiosos pelo próximo final de semana.
Vinte e duas horas. Fim do espetáculo. Os bancos da praça ainda ouviriam nossas discussões sobre a história, os artistas, os detalhes da produção cinematográfica.
O cinema divertiu e proporcionou bons momentos a todos.
Hoje as telonas estão restritas e as opções migraram para as plataformas de streaming, como netflix, globoplay e outras. Sem saudosismo, acho que ganhamos em opções e comodidades, no entanto, perdemos um pouco da magia.
O texto me levou para São José de Mipibú da década de 70. Muito bom!
Um tempo que pare distante, mas sempre presente em nossas lembranças. Nossa geração tem muitos fatos (pitorescos) para contar. Muito bom recordação.
Excelente texto. Sou apenas um “millenial”, mas consigo me conectar completamente com o texto. Por exemplo, aos meus 37 anos sinto algo parecido em relação tanto ao cinema – algo diferente hoje em dia – e, quanto ao saudoso ritual de alugar uma fita com meus amigos… Ganhamos muita coisa, mas certamente perdemos algo de valioso pelo caminho. Assim me sinto.