Centenário Tony Curtis

junho 8, 2025

Alex Medeiros – Jornalista e Escritor (@alexmedeiros1959) – Texto publicado na Tribuna do Norte Se eu fosse o presidente Donald Trump obrigaria a partir de hoje que todas as universidades dos EUA, principalmente Harvard (só pra fazer bullying), comemorassem durante o resto do ano os 100 anos de nascimento do ator Tony Curtis, uma das […].

Alex Medeiros - Jornalista e Escritor (@alexmedeiros1959) - Texto publicado na Tribuna do Norte

Se eu fosse o presidente Donald Trump obrigaria a partir de hoje que todas as universidades dos EUA, principalmente Harvard (só pra fazer bullying), comemorassem durante o resto do ano os 100 anos de nascimento do ator Tony Curtis, uma das lendas de Hollywood e aquele que jamais teve medo de se assumir judeu e de usar sua fama e voz em favor da causa do seu povo. Era filho de alfaiate e descendente de húngaros. Nascido em 3 de junho de 1925.

Ele foi um astro de cinema tão famoso e popular, tão icônico, que era desnecessário incorporar ao seu nome adjetivos qualitativos e quantitativos. Ele era simplesmente Tony Curtis, e pronto. Era um dos homens mais bonitos, charmosos e engraçados do showbizz e viveu até morrer o papel de galã, de garanhão, de conquistador contumaz. Casou várias vezes, gerando dois filhos em cada casamento, e dividiu lençóis com as beldades mais célebres.

Quando provoco sobre Trump e homenagens a ele, é que Curtis se assumia judeu numa época em que artistas disfarçavam a herança judaica alterando os nomes próprios. Ele apoiou Israel e criticou o comunismo no Leste europeu.

Entre o final da década de 1960 e durante toda a década de 1970, os filmes com Tony Curtis estavam sempre em cartaz na programação da TV, ainda em branco e preto. Curti muito no Cine São José e nas salas dos televizinhos.

Lembro do primeiro filme que vi, Taras Bulba, lançado em 1962 e que chegou no “purguinha” das Quintas em 1970. Ele ao lado de Yul Brynner, que eu já conhecia das sessões vespertinas de faroeste no sábado e no domingo.

Tony Cutis ao lado de Yul Brynner, no filme Taras Bulba

Mais de dez anos depois, descobri que o filme baseado em livro do russo Gogol fora filmado na Argentina e que Curtis e a esposa Janet Leight passearam no Recife quando o navio ancorou no percurso para Buenos Aires.

Janet foi o primeiro dos seis casamentos, que ele conheceu quando ainda era um candidato a ator e ela já uma atriz consagrada. A viu uma vez e ficou encantado; e aí a convidou para jantar imitando a voz do ator Gary Cooper.

Anos depois a própria Janet afirmou que não era chegada a homens bonitões, como os muitos que contracenou, mas que não conteve o riso ao saber que um jovem bonito e tímido havia lhe atraído num trote. Jantou e casou com ele.

Nas paradas do transatlântico Argentina, Curtis curtiu adoidado no Brasil, frequentando rodas de samba no Rio e festas noturnas em São Paulo, onde até fez um comercial para o linho Braspérola, vestindo alguns belos ternos.

Guardo bem na memória os anos em que vi seus filmes no Cine São José e nas televisões dos casais Waldomiro/Vera e Daniel/Alinete, os dois vizinhos que me aturavam por horas em suas salas por tardes que entravam nas noites.

Curtis encarnou inúmeros papeis e me marcou nas gargalhadas das comédias em que era um monstro. Com Jack Lemon e Marilyn Monroe, inseriu no cânone da sétima arte o clássico do humor Quanto Mais Quente Melhor, de 1959.

Quem senão ele para conseguir impor sua graça contracenando com o mito Jerry Lewis em Boeing Boeing, de 1965, num roteiro inspirado num peça francesa e que dez anos depois provocou a novela Cuca Legal, da Globo?

Nas décadas da minha meninice, os campeões de bilheterias no mundo eram John Wayne, Elizabeth Taylor, Cary Grant, Brigitte Bardot, Doris Day, Jerry Lewis, Frank Sinatra, Sandra Dee, Debbie Reynolds e ele, Tony Curtis.

Foi tão popular que virou personagem em aventuras dos Flintstones, com seu desenho aparecendo em episódio de 1965, provocando suspiros em Wilma e Betty, as garotas e esposas dos protagonistas Fred e Barney. Ele era pop art.

Em 2010, morre Tony Curtis, com 85 anos

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