Após denúncia de pelanca no lugar de carne, vereadores votam contra investigação sobre contrato de merenda escolar em Extremoz
Ao invés de carne, pelanca.
Ao invés de carne, pelanca. Um vídeo que passou a circular há cerca de duas semanas, feito pela merendeira de uma escola municipal de Extremoz, na região metropolitana de Natal, viralizou na cidade ao mostrar o que seria pele e gordura animal no lugar da carne distribuída para a merenda dos alunos.
"Eles enrolam, botam num saco, você pensa que é carne, mas não é. É só uma 'péia' grossa. É luta para cortar. E não é só um pedaço não. Todos os pedaços vieram assim", relata a mulher, no vídeo.
O caso chegou ao conhecimento da Câmara Municipal, mas a maior parte dos vereadores do município negou um pedido de abertura de uma investigação sobre os contratos de fornecimento de merenda escolar.
Após a repercussão negativa da votação na cidade, os parlamentares aprovaram nesta terça (8) um pedido de informações à prefeitura.
A Secretaria de Educação do município confirmou que abriu uma sindicância interna para apurar o fato.
"Ao tomar conhecimento, nós solicitamos que todos os diretores - temos 26 escolas - produzissem relatos através de vídeo ou não relatando que tipo de merenda eles recebem. E todos atestaram que nunca tinham recebido uma carne daquele tipo. Não é do nosso perfil, nossa licitação não tem aquele tipo de material. Então aquele vídeo de certa forma foi muito estranho e por isso a prefeitura está empenhada em apurar", disse o secretário adjunto de Educação, Elie Ribeiro.
Câmara nega investigação
As imagens levaram o vereador Kilter Araújo (MDB) a pedir na Câmara a abertura de uma investigação e auditoria nos contratos do município para fornecimento da alimentação, mas o pedido foi negado por sete votos a um, no Poder Legislativo municipal.
O pedido foi feito durante a sessão parlamentar da última terça-feira (1º), de forma verbal. Somente o autor da proposta votou de forma favorável à abertura de uma investigação parlamentar e auditoria nos contratos.
Após a repercussão negativa, os parlamentares que votaram contrários à investigação justificaram os votos afirmando que entendem que, por ter sido feita de maneira verbal, a proposição estava em desacordo com o regimento interno.
No entanto, os parlamentares aprovaram nesta terça-feira (8) um pedido de informações à prefeitura, apresentado pelo vereador Fábio Vicente (PP), com prazo de 20 dias para que o Poder Executivo apresente respostas com esclarecimentos sobre supostas inadequação de produtos de origem alimentício que não estariam no padrão exigido no contrato.
A proposição aprovada, no entanto, não teve incluídos os pedidos de investigação e auditoria dos contratos, novamente solicitada pelo vereador Kilter.
"O vereador Fábio Vicente apresentou agora um requerimento similar e nós todos aprovamos unanimidade. Inclusive o vereador que teve o requerimento rejeitado anteriormente. No requerimento que foi aprovado hoje é um pedido de esclarecimento à secretaria. A gente entende que o requerimento pede apuração de fatos de vídeos mostrados na internet, então a gente entende sim que é uma investigação, uma apuração dos fatos. A prefeitura tem 20 dias para, junto com o conselho escolar, responder a Câmara de Vereadores o que foi aquilo que estava nas mídias sociais", disse o vereador Rafael Correia (PP).
Por outro lado, o próprio autor da proposição apresentada nesta terça-feira (8), afirmou que as propostas são diferentes. Fábio Vicente votou contra o pedido de investigação e apresentou uma nova proposição que, segundo ele, pede melhor qualidade dos alimentos fornecidos aos alunos.
"O requerimento anterior é totalmente diferente do meu atual, certo? O requerimento ele pede uma investigação, uma apuração, e esse meu requerimento ele pede uma qualidade melhor da merenda escolar, uma merenda mais nutritiva para essas crianças da rede municipal. A merenda atual é merenda de qualidade, mas nós estamos requerendo uma merenda melhor para nossas crianças. E o requerimento, esses requerimentos eles são propositivos. Então a gente precisa eh cada vez mais procurar a melhoria dos nossos alunos. Não tem a ver com investigação", argumentou.
O parlamentar que teve o pedido de investigação negado argumenta que seguiu os trâmites necessários para o requerimento, tanto que ele foi colocado em votação, porém negado. "Hoje solicitei que incluísse no requerimento do vereador o que eu tinha pedido já, que era a investigação da merenda escolar mais auditoria dos fornecedores. Infelizmente, não foi colocado, não foi incorporado ao requerimento aprovado hoje", disse o vereador Kilter (MDB).
g1RN