A visão literária de Cláudio Emerenciano

julho 30, 2023

Valério Mesquita (mesquita.

Valério Mesquita (mesquita.valerio@gmail.com)

O Acadêmico e escritor Cláudio Emerenciano saiu das páginas dos jornais quotidianos para a organizada forma do livro, com capa, título e índice, dando, assim, definitivamente, aos leitores a dimensão que o define como escritor dos mais atentos e sensíveis de nossa província.

Os escritos de Cláudio resultam – além da participação consciente na vivência de todos os problemas do estado, da nação, da humanidade, compartilhando ontologicamente dúvidas e dívidas de nosso tempo em relação à política, economia, problemas sociais, posições filosóficas e afetivas - de reflexões e leitura.

Cláudio é um leitor voraz, incansável, movido não só pela curiosidade intelectual que o leva a interessar-se dos temas os mais variados, mas por uma atitude cristã, que nada tem de beatice, profundamente ligada à essência do homem como ser que possui o elemento divino no livre arbítrio e, portanto, portador de atitudes extremas.

Em seu livro “A Rendição do Tempo”, Cláudio reúniu crônicas escritas num passado recente, durante um curto período, percebendo-se claramente o escritor preocupado, sempre, com o destino do homem, demônio e arcanjo. Anjo caído, demônio em busca da salvação como esperava e acreditava que acontecesse Giovanni Papini. Neste livro descobre-se um Cláudio Emerenciano com uma visão literária que, às vezes, nas crônicas soltas em páginas de jornal, passava desapercebida. A visão guiada pela inteligência e pela cuidadosa observação do circundante produziu crônicas que o tempo se rendeu e o mesmo tempo revelou e deu solidez de estrutura inabalável. “A Rendição do Tempo” demonstra de forma inequívoca, que o autor acredita nos valores humanos, na afetividade, na lealdade, na compreensão e na liberdade.

Sabe que a caminhada através da história empreendida pelo homem e feita de ideias, mas as pontes para superar os abismos necessitam de ações. Como São Francisco de Assis, Cláudio sabe, e demonstra seu saber, que ser cristão é, acima de tudo, agir e pensar como tal, mais de que observar regras. O leitor encontrará em “A Rendição do Tempo”, entre as linhas de suas crônicas, o ensinamento de Teilhard de Chardin de que o conceito cristão pode ser anterior a Cristo, como o conceito de rosa pode ser anterior à flor e, principalmente, encontrará a mensagem franciscana que faz do espírito da fé algo supremo, acima, evidentemente, da letra dessa própria fé.

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