A lenda Gene Hackman
Alex Medeiros – Jornalista e Escritor (@alexmedeiros1959) – Texto publicado na Tribuna do Norte Minha admiração pelo ator Gene Hackman, um dos monstros sagrados da sétima arte, já foi expressada em textos que publiquei em 2004 no Jornal de Hoje e há cinco anos aqui mesmo na Tribuna do Norte.

Alex Medeiros - Jornalista e Escritor (@alexmedeiros1959) - Texto publicado na Tribuna do Norte
Minha admiração pelo ator Gene Hackman, um dos monstros sagrados da sétima arte, já foi expressada em textos que publiquei em 2004 no Jornal de Hoje e há cinco anos aqui mesmo na Tribuna do Norte. Dispenso agora o assunto carnaval para falar dele de novo em recortes nos próprios artigos já publicados. Em memória dele, que se foi aos 95 anos ao lado da esposa.
Lembro que em 2004 ele confessou ao grande apresentador da TV Larry King (que também já partiu) que perdera o gosto pelo cinema e que estava escrevendo livros na paz de uma casa em Santa Fé, no Novo México.
Hackman tinha acabado de estrelar na comédia “Uma Eleição Muito Atrapalhada”, interpretando um ex-presidente da República que se envolveu numa enrascada disputa para prefeito de uma cidadezinha da Nova Inglaterra.
No ano seguinte, 2005, Larry King postou no Twitter: “Eu gostaria que o Gene Hackman voltasse a fazer filmes”. Com certeza era um sentimento de milhares de fãs do artista californiano que tantas vezes se agigantou nos roteiros.
Nas três ou quatro vezes que vi seu magnífico papel no filme Mississipi em Chamas, do diretor inglês Alan Parker, na dobradinha com Willem Dafoe, confirmei aquele sentimento do velho Larry King em vê-lo sempre em ação.
Para quem se acostumou a admirar as atuações de Hackman nos mais variados personagens, a única constatação é que tal proeza só pode ser comparada à do Pernalonga, um recordista universal em papéis e situações.
Após mais de 90 trabalhos e mais de 70 filmes do circuito tradicional, Gene Hackman foi um dos mais brilhantes de toda a História de Hollywood. Ninguém soube mais que ele enaltecer o heroísmo cotidiano dos homens comuns.
Debaixo da sua multicapacidade artística, todos ganham importância, dignidade e honra, mesmo quando a desonra já se antecipa no roteiro. No seu estrelismo triunfavam policiais, delegados, empresários, bandidos, esportistas.
Na sua interpretação, ganhavam humanidade o mafioso, o promotor, o xerife sádico, o investigador amável, o pai ou o filho. Ele elevava o drama do mundo ao misticismo paraliterário dos mitos urbanos paridos no romanceiro das ruas.
Imaginem que este gigante começou a atuar aos 30 anos, nos tablados da Broadway, e logo foi desencorajado (junto com o amigo Dustin Hoffman) a não enveredar pelo cinema. Os dois eram muito feios, sentenciou um professor.
Ganhou dois Oscares e dois Globos de Ouro, no começo da carreira, em 1967, quando interpretou “Buck Barrow”, o irmão do personagem de Warren Beatty em “Bonnie e Clyde”. Em 1971, mais prêmios com “Operação França”.
Foi o mais icônico Lex Luthor, agigantando o cientista vilão em “Superman – o Filme” (1978), “Superman II – a Aventura Continua” (1980) e “Superman IV – em Busca da Paz” (1987). Fez o perfil psicológico para futuros intérpretes.
Na manhã de ontem, as TVs e sites nos EUA amanheceram noticiando que Gene Hackman e sua esposa foram encontrados mortos em sua casa no Novo México, ao lado do cachorro do casal. Não havia sinais de qualquer crime.
Até o momento em que eu preparava a coluna, no final da manhã da quinta-feira, as autoridades policiais e os legistas no Novo México não haviam ainda divulgado qualquer detalhe sobre as mortes. Vou revê-lo nos filmes durante o feriado de carnaval. Ele foi, de fato, um dos dez mais em todos os tempos.