1962 – Os seriados do Cinema Rex
Blog Cobra – Com informações livro: Antiqualha – Elísio Augusto de Medeiros e Silva Durante 36 anos (1936-1972), o Cinema Rex divertiu gerações na Avenida Rio Branco.

Blog Cobra - Com informações livro: Antiqualha – Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Durante 36 anos (1936-1972), o Cinema Rex divertiu gerações na Avenida Rio Branco. Ainda me recordo da praga dos “lacerdinhas”, uns bichinhos minúsculos, pretinhos, que viviam nos pés de fícus-benjamin e atacavam as pessoas, provocando uma coceira medonha e quando caíam nos olhos, ardiam para valer! Em algumas épocas, viravam uma verdadeira praga!
Como a maioria dos meninos de minha geração, eu não perdia as matinês do Cinema Rex, aos domingos. Naqueles primeiros anos da década de 1960, os cinemas ainda eram o ponto alto de nossa programação do fim de semana. Na frente do prédio, o comércio de gibis e almanaques de Zorro, Capitão Marvel, Tarzan, Mandrake, Rin-Tin-Tin, Roy Rogers. Ali também existia a troca de figurinhas dos álbuns em moda, motivo suficiente para chegarmos bem cedo ao local.

Mas, assim que a bilheteria iniciava a venda de ingressos, a portaria era aberta, todos procuravam entrar logo, para conseguir os melhores lugares. Nem achávamos incômodas as 1700 cadeiras de madeira do Rex, que não eram acolchoadas como a do Cinema Rio Grande e, posteriormente, do Cine Nordeste.
No hall de entrada da sala de projeções, do lado esquerdo, ficava localizada uma bombonière, bem sortida, para os padrões da época. Algumas de suas guloseimas: Chocolates Falchi, língua de gato, Leite-e-Mel, Sonho de Valsa, balas Dea, buzis, drops Dulcora, pirulitos Kibon e Zorro, caixinhas de passas, torrones, chicles… os preços eram bem mais caros que os vendidos nos tabuleiros do lado de fora do cinema.
Normalmente, as sessões eram iniciadas com um documentário, o “Jornal da Semana”, que mostrava os últimos acontecimentos nacionais – essa, com certeza, era a parte que menos interessava a garotada. Quando terminava esse momento, todos nós gritávamos “Graças a Deus”, seguidos de assobios e gritarias.
Logo em seguida, começava o seriado que acompanhávamos por meses a fio, sendo apresentado um pedacinho por semana, parando sempre nas cenas de maior suspense.
Quando aparecia o artista principal – de revólver Colt sempre à mão, que nunca errava o alvo, o cinema vinha quase abaixo com os gritos e batidas de pé. Normalmente, os filmes de cowboys americanos eram com John Wayne de mocinho, num bom cavalo valente como ele só, enfrentando centenas de índios americanos (sioux, cheyennes, comanches) nas planícies.

Até hoje, não consigo entender como a munição de suas armas não precisava ser substituída – pois atirava sem parar até não sobrar um índio, com exceção dos que haviam fugido em disparada.
O bangue-bangue, como chamávamos o western, era o nosso gênero preferido e vários artistas interpretaram cowboys defendendo as mocinhas, as diligências, os bancos ou, simplesmente, brigando nos “saloons” com os malfeitores valentões.
Vale salientar que nas cenas românticas o barulho diminuía e o silêncio se fazia notar na plateia. Mas também existiam outros gêneros de filmes que atraíam nossas atenções: Tarzan, Jim das selvas, Rin-Tin-Tin, Sansão, Maciste.

E, no gênero comédia, não podemos esquecer Jerry Lewis e Dean Martin. Anos depois surgiram os westerns italianos, que também fizeram muito sucesso entre a garotada, como “Django”, estrelado por Franco Nero. Mas eu, particularmente, preferia os faroestes americanos.
Foto: Jaeci
